Túnel interestelar em direção à constelação de Centauro é descoberto

 

Astrônomos identificam túnel interestelar que conecta a Bolha Quente Local, onde está o Sistema Solar, à região da constelação de Centauro.

 

(Imagem: Pike-28 / Shutterstock.com)
(Imagem: Pike-28 / Shutterstock.com)

 

Astrônomos, ao utilizarem dados do levantamento eROSITA All-Sky Survey, identificaram um curioso “túnel interestelar” que se estende em direção à constelação de Centauro. Segundo os pesquisadores, esse “túnel” pode, de fato, conectar a bolha local do nosso Sistema Solar a uma superbolha vizinha. Esse avanço, portanto, revela mais sobre o ambiente cósmico próximo.

Além disso, nosso Sistema Solar está situado em uma área do espaço conhecida como Bolha Quente Local (LHB, na sigla em inglês), a qual é caracterizada por gás quente de densidade muito baixa. Essa bolha, que emite raios X, possui uma temperatura de aproximadamente 1 milhão de graus Kelvin e uma densidade inferior a 0,01 partículas por cm³. Ademais, ela se estende por cerca de mil anos-luz ao redor do Sistema Solar.

Modelo 3D da vizinhança solar. <yoastmark class=

 

Os cientistas na Alemanha, ao utilizarem dados do telescópio de raios X eROSITA, conseguiram criar um mapa tridimensional dessa bolha. Durante o estudo, no entanto, descobriram algo inesperado: um túnel interestelar que conecta a Bolha Quente Local a outra região do espaço, especificamente na direção da constelação de Centauro. Esse estudo, portanto, foi publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics, trazendo novas perspectivas sobre a estrutura do nosso ambiente cósmico.

Além disso, a descoberta do túnel interestelar pode fornecer informações valiosas sobre a dinâmica das bolhas de gás no espaço, assim como suas interações. Os pesquisadores acreditam que essa conexão pode influenciar a formação de estrelas e a distribuição de matéria na vizinhança galáctica. Com isso, o trabalho realizado pelos cientistas não apenas amplia nosso entendimento sobre a Bolha Quente Local, mas também abre portas para futuras investigações sobre as complexas estruturas do universo. 

 

O que é o túnel Centauro?

 

  • Michael Yeung, estudante de doutorado no Instituto Max Planck de Física Extraterrestre e autor principal do estudo, disse à BBC News Mundo que o túnel interestelar não deve ser confundido com um buraco de minhoca.
  • “Um túnel interestelar é simplesmente uma conexão entre dois resquícios de supernovas ou superbolhas cheias de gás quente. Definitivamente não é um buraco de minhoca, como você poderia imaginar pelo nome”, afirmou ele.
  • Os cientistas acreditam que uma das extremidades desse túnel é a própria Bolha Quente Local, enquanto a outra pode ser uma superbolha vizinha chamada Loop I.
  • “Esse túnel pode ser parte de uma rede mais ampla do meio interestelar quente, sustentada por explosões energéticas liberadas por estrelas”, explicou Yeung.  

Diferenças de temperatura e impactos de supernovas

 

Além do túnel, os pesquisadores detectaram gradientes de temperatura significativos na Bolha Quente Local. Segundo Yeung, “a crença atual é de que isso se deve às explosões de supernovas mais recentes que expandiram a LHB”. Essas explosões poderiam ter aquecido o gás de maneira assimétrica, dependendo da localização dos eventos ou das variações de densidade na região.

Evidências como a presença do isótopo ferro-60 na crosta marinha profunda — que só pode ser gerado em supernovas — fortalecem a hipótese de que essas explosões ocorreram nos últimos milhões de anos, contribuindo para a formação e características atuais da bolha.

Estrutura 3D da LHB com cores indicando sua temperatura. As duas superfícies indicam a incerteza na medição da extensão da LHB: a extensão mais provável provavelmente está entre as duas. A localização do Sol e uma esfera de raio de 100 parsecs estão marcadas para comparação. (Imagem: Michael Yeung / MPE)
Estrutura 3D da LHB com cores indicando sua temperatura. As duas superfícies indicam a incerteza na medição da extensão da LHB: a extensão mais provável provavelmente está entre as duas. A localização do Sol e uma esfera de raio de 100 parsecs estão marcadas para comparação. (Imagem: Michael Yeung / MPE)

 

O papel do telescópio eROSITA

 

O telescópio eROSITA, lançado em 2019, foi fundamental para a descoberta. Localizado a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra, ele evita a contaminação de raios X da geocorona terrestre, permitindo um mapeamento preciso da Bolha Quente Local. Além disso, o telescópio observa todo o céu em raios X a cada seis meses, garantindo um panorama abrangente da nossa vizinhança espacial.

Michael Yeung destacou à BBC News Mundo a importância dessa tecnologia. “Com o eROSITA, conseguimos obter informações sobre a bolha LHB observada em todas as direções enquanto estamos dentro dela. Isso nos permite separar as emissões de raios X da bolha das provenientes de outras fontes próximas, como a geocorona da Terra“, disse ele. 

 

Pesquisas futuras e novas descobertas

 

Os cientistas esperam que estudos futuros revelem mais sobre o plasma da Bolha Quente Local e outras superbolhas próximas. Além disso, novos observatórios de raios-X, como o XRISM, prometem oferecer recursos aprimorados para entender os gradientes de temperatura observados.

“Enquanto isso, há muitas superbolhas na vizinhança solar e além dela”, afirmou Yeung. Ele mencionou as bolhas eROSITA, a maior estrutura de raios-X no céu, cuja origem ainda é desconhecida. Essas descobertas ressaltam como explosões de supernovas e fenômenos cósmicos moldam continuamente a nossa vizinhança espacial.

Fim da Matéria…

 

 

 

Túnel interestelar em direção à constelação de Centauro é descob

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